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“Uma semana em que trabalhamos como antes de guerras e pandemias”, admitem proprietários dos restaurantes que há muito tempo não registavam uma procura tão grande.
Que os espanhóis procuram cada vez mais a cidade de Bragança é um facto. Que a Semana Santa é uma das épocas em que se nota maior afluência de espanhóis também é verdade. Que os espanhóis gostam muito de comer bacalhau em Portugal é incontestável.
São três afirmações verdadeira que unidas podem explicar a enorme afluência de espanhóis durante a Semana Santa, que coincidiu com a Semana Gastronómica do Bacalhau em Bragança.
Saber exatamente se esta iniciativa gastronómica foi a razão desta enorme procura não é fácil, mas que ao entrar num restaurante “a grande maioria dos clientes sabia da iniciativa que estava a decorrer, ah isso sabiam”, atestam os proprietários dos restaurantes da cidade que serviram refeições de bacalhau sem parar. Rosa Pires, do restaurante Rosina, não tem dúvidas: “90% dos nossos clientes foram espanhóis e já nem pediam a carta, sabiam perfeitamente da iniciativa e diziam que queriam bacalhau”, sublinha.
O mesmo sentimento é partilhado por Luís Portugal da Tasca do Zé Tua: “Os clientes espanhóis que vinham sabiam que estava a decorrer a Semana Gastronómica do Bacalhau, a mensagem passou muito bem”, reforça.
A iniciativa promovida pela ACISB a pedido dos comerciantes foi amplamente divulgada em Espanha, através da comunicação social, com um forte investimento em publicidade em rádios e jornais e também com a colocação de outdoors em pontos de referência em Zamora e Valhadolid.
Paulo Gomes, da Quinta das Queimadas – Panorama, acrescenta que 80% da clientela que teve nesta semana veio de Espanha e maioritariamente “queriam comer bacalhau”.
Flávio Gonçalves, da Taberna do Javali não tem claro que a afluência tenha resultado da publicidade feita, mas confirma que o “Bacalhau à Bragança” foi o prato que mais serviu.
Andreia Silva, do restaurante Restaurador, confirma que trabalhou “sem parar”, tendo como clientes essencialmente os visitantes espanhóis, muitos clientes que viu pela primeira vez.
O mesmo refere Vítor Cordeiro do restaurante o Emiclau: “com muita pena nossa tivemos de mandar clientes embora, porque já não os conseguíamos servir, estivemos sempre cheios, foi muito bom”.
“Um fim-de-semana em que trabalhamos como antes de guerras e pandemias”, afirma Luís Portugal. “O que é certo é que, pelo menos no castelo, a Semana Gastronómica do Bacalhau nos permitiu começar a trabalhar cinco dias antes do que era normal. Começamos a trabalhar um fim-de-semana antes e foi sem parar até segunda-feira depois da Páscoa. Foi excelente”, remata.
“Bacalhau à Bragança” despertou maior curiosidade nos clientes locais
Foram sobretudo os portugueses, a maioria residentes na cidade de Bragança, os que manifestaram maior curiosidade pelo prato confecionado com a mesma receita por todos os restaurantes aderentes à iniciativa, designado de “Bacalhau à Bragança”. A ideia é que todos eles mantenham este prato, em permanência, nas respetivas ementas. “Mas os clientes de cá não quiseram esperar, estavam curiosos e quiseram experimentar logo nos primeiros dias da Semana Gastronómica do Bacalhau”, conta Rosa Pires, satisfeita com a recetividade conseguida. Andreia Silva confirma que os brigantinos, “os clientes habituais, pediram bastante este prato que agora estamos a lançar em conjunto, aliás, tenho já um grupo marcado para os próximos dias que vêm comer o Bacalhau à Bragança”.
A ACISB pretendeu com esta iniciativa trazer ainda mais visitantes e movimento à cidade. A gastronomia foi, desta vez, o mote, mas com reflexos em todo o comércio e, particularmente, no sector do alojamento que, tal como os restaurantes, viveu um período de enorme procura, só comparável ao tempo pré-pandemia, quando não havia qualquer restrição na circulação e quando o turismo vivia um dos melhores momentos de sempre.
A satisfação dos aderentes é a satisfação da ACISB que já tem em mãos a realização de outras iniciativas, sempre com o intuito de dinamizar a economia local e ajudar a aumentar a competitividade da cidade de Bragança.