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Restaurantes que aderiram à Semana Gastronómica do Bacalhau, em Bragança, satisfeitos com procura deste produto que, nalguns casos, representou 90% das vendas.
Foram 17 os restaurantes que aderiram à Semana Gastronómica do Bacalhau, promovida pela Associação Comercial, Industrial e Serviços de Bragança (ACISB), que decorreu em plena Semana Santa. A maioria dos aderentes refere que Bragança já se afirmou “como destino para comer bom bacalhau” e, nalguns casos, os pratos que tinham como base este produto representaram 90% das vendas em toda a semana.
Os estabelecimentos da zona histórica, e apesar do mau tempo, tiveram “lotação esgotada”, ao almoço e jantar, mas com maior pressão à hora de almoço. Nos restaurantes menos centrais a procura também se fez sentir e o Bacalhau foi rei na maioria dos aderentes. Nalguns estabelecimentos registou-se um enorme crescimento do “Bacalhau à Bragança”, prato que todos tinham na ementa, em relação ao ano passado. “Verificamos que cresceu o “Bacalhau à Bragança” em detrimento de outros tipos de bacalhau”, referiu o responsável por um restaurante do centro da cidade. “Eu tenho todo o ano esse bacalhau e tem uma enorme saída”, referiu um dos participantes, com um restaurante numa zona periférica, que continua a aplaudir a iniciativa e garantir a adesão em próximas edições. Mas há casos em que a procura do “Bacalhau à Bragança” não teve o mesmo sucesso: “Não sei o que aconteceu, no ano anterior este prato teve mais saída”, referiu uma das participantes, acrescentando que este facto não retira mérito ao evento em si, “e é claro que as pessoas sabiam da Semana Gastronómica do Bacalhau”.
Os números diferem de caso para caso, nem todos são unanimes em relação ao sucesso do prato designado de “Bacalhau à Bragança”, mas todos concordam que uma semana dedicada a este produto faz todo o sentido. “É verdade que os espanhóis já vêm naturalmente, mas acreditamos que este evento gastronómico é mais um motivo para virem”, alega um dos empresários participantes, com um restaurante no centro da cidade.
É sabido que durante a Semana Santa Bragança tem uma enorme afluência de visitantes e turistas da vizinha Espanha, que são conhecidos como grandes apreciadores de bacalhau.
Todos os restaurantes têm diversos pratos de bacalhau nas respetivas ementas, a ideia de lançar o “Bacalhau à Bragança”, recriando uma receita comum, tem a ver com a procura de uma referência diferenciadora, muito ligada à própria identidade do território.
O bacalhau não sendo um produto local é, provavelmente, o peixe com maior importância na gastronomia transmontana. Historicamente era um produto relativamente barato, com enorme facilidade de conservação, nutritivo, saboroso e com uma imensidão de formas de o confecionar, resultando em pratos muito diferentes. Nas atividades agrícolas ainda hoje o bacalhau faz parte da ementa e dos alimentos que se transportam para as merendas no campo. É habitual fazer bacalhau frito e salada de bacalhau, por exemplo, na vindima. Em ambos os casos, sendo um prato principal, pode consumir-se frio, o que é mais uma vantagem obvia.
O bacalhau transformou-se de simples género alimentar em símbolo da identidade portuguesa, de comida socialmente conotada com situações de abstinência e mesmo própria de pobres, em alimento caro e prestigiado no campo gastronómico. O que se observa é que este peixe tem um papel marcante na vida e na cultura dos portugueses, que reconhecem o bacalhau como algo que os remete às suas origens, à sua terra natal, fazendo parte da memória coletiva de um povo.